terça-feira, 1 de junho de 2010

RIO MAIOR

AFLORAMENTO DO FILÃO DE PORTELA DE TEIRA

O afloramento integra-se num vasto filão-camada basáltico com vários quilómetros de extensão. Acompanha a E a estrutura diapírica de Rio Maior-Porto de Mós. O filão está instalado em níveis siliciclásticos do Jurássico Superior designados na carta geológica como "Grés Superiores com vegetais e dinossauros" (Formação do Bombarral, do Titoniano). A parte mais espectacular, pela bela disjunção prismática que revela, situa-se numa frente abandonada da pedreira, voltada a W. A disjunção verifica-se em colunas com cerca de 0,5 mede diâmetro por 15 a 20 m de altura, verticais. A cerca de 50 m a Sul, em frente activa da pedreira verificava-se (em 2002) a ocorrência de disjunção semelhante mas em colunas com uma disposição subhorizontal. A degradação não estava muito avançada, podendo ser facilmente recuperável, implicando, para tal, a cessação dos trabalhos da pedreira nas proximidades imediatas. O local é privilegiado ainda pela sua orientação a Norte, com vista magnífica para a depressão de Alcobertas, para o flanco oriental da Serra de Candeeiros, sendo visível em grande extensão o espelho da falha da estrutura diapírica de Rio Maior - Porto de Mós.



Um aspecto que se salienta quando se observa este afloramento é a presença de prismas de secção aproximadamente hexagonal, aspecto este que é conhecido como disjunção prismática ou colunar. Esta disjunção ocorre quando o arrefecimento da rocha, que leva á sua contracção, induz o arrefecimento de fracturas.


Disjunção prismática de Portela de Teira


Dentro de um grande filão basáltico que está a norte de Alcobertas e Rio Maior, uma pedreira que mostra um aspecto dos mais interessantes é uma paisagem vulcânica em pleno carso!



SALINAS DE RIO MAIOR

As salinas de Rio Maior localizam-se a 3 km de Rio Maior, em Marinhas do Sal, na zona sul da área protegida do Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros, a 99 metros de altitude e ocupam uma área com cerca de 21 865 m2.Estas são as únicas salinas de interior em exploração em Portugal e são consideradas Património Cultural Português.



As coordenadas geográficas são: 39º 21’ 50’’ N e 8º 56’ 43’’ O.
As salinas de Rio Maior são uma mina de sal-gema, muito extensa e profunda, atravessada por uma corrente subterrânea, alimenta um poço de onde se extrai a água, sete vezes mais salgada que a do Oceano Atlântico.

O poço comum, com as sete regueiras, as picotas ou cegonhas, os talhos e as eiras, assim como as rústicas e típicas casas de madeira com as suas chaves e fechaduras também em madeira, completam esta curiosidade da Natureza.

As salinas encaixam-se no Vale Tifónico, onde abundam rochas evaporíticas – salgema e gesso (Formação Margas da Dagorda) rodeadas por argilas e calcários. As rochas evaporíticas são pouco densas e apresentam um comportamento plástico, o que conjuntamente com a existência de um sistema de falhas permitiu o seu movimento ascensional – diapirismo – originando um vale (Vale Tifónico). A água salgada provém de um extenso e profundo filão de sal-gema, que é atravessado por uma corrente de água doce subterrânea, que se torna depois salgada (7 vezes mais salgada que a água do mar) e que termina num poço, na zona centro das salinas.



A existência de importantes acumulações de sal-gema, indica-nos que o paleoambiente de formação tinha características litorais (lagunas e planícies de inundação de marés), num clima quente e seco, muito propício à rápida evaporação. Durante o Mesozóico, há cerca de 200 M.a., a sedimentação ocorria num ambiente de pouca profundidade, em lagoas alimentadas por águas marinhas dando lugar a alternâncias de argilas salgadas e sal-gema, sendo hoje em dia, estas argilas que separam o filão de sal-gema da superfície, servindo-lhe de protecção.

As salinas têm mais de 800 anos e foram exploradas por romanos e árabes. Desde 1979 são geridas pela Cooperativa Agrícola dos Produtores de Sal de Rio Maior, laborando de forma sazonal. Divididos por vários proprietários existem cerca de 400 compartimentos a que se dá o nome de “talhos” e 70 “esgoteiros”, talhos de maior profundidade que armazenam temporariamente água salgada para abastecer as salinas.




A água salgada que os alimenta, inicialmente retirada com uma picota e um balde, é actualmente bombeada, a partir de um poço central com 9 m de profundidade e 3,75 m de diâmetro. Na época estival a água salgada é encaminhada por regueiras para diferentes esgoteiros e daí para os diferentes talhões. No fim de evaporada a água, o sal puro (97,94% de cloreto de sódio), fica nos talhos e é depois retirado e levado, pelos salineiros, até aos armazéns da cooperativa, construídos em madeira para evitar a corrosão. Por ano, são recolhidas cerca de 1000t de sal que antes de embalado e comercializado, para toda a Europa, é escolhido grão a grão por funcionários, para satisfazer até os clientes mais exigentes.

O trabalho desenvolvido sobre as Salinas de Rio Maior deu-nos uma diferente percepção sobre o processo de formação e recolha de sal. Descobrimos o verdadeiro segredo das salinas sem mar – um subsolo rico em sal-gema permite a existência de água salgada à superfície e a precipitação de cloreto de sódio por evaporação da água, permite a obtenção de sal. Apercebemo-nos, também, que o sal até chegar às nossas casas, atravessa processos pouco complexos mas de longa duração. Devido às particularidades históricas, sociais, culturais, económicas e geológicas destas salinas é muito importante a sua preservação.




Nestas épocas recuadas o sal era uma substância muito importante no comércio entre povos, alguns o utilizavam até para pagamento de jornas, daí a palavra salário.

1 comentário:

  1. simplesmente fascinante essa riqueza natural e sua formação milenar. Pura beleza essa engenharia diapírica

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