quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ondas destroem casas na ilha da Fuzeta

A forte ondulação durante a madrugada de 16 de Fevereiro provocou a destruição de cinco casas na ilha da Fuzeta e parte do cordão dunar na ilha de Faro.

A ondulação com cerca de cinco metros de altura aliada às marés vivas provocou esta madrugada a destruição de cinco casas na ilha da Fuzeta e parte do cordão dunar na ilha de Faro, levando ao corte de trânsito.

A forte ondulação das marés e a força do vento na praia de Faro têm deixado os moradores em sobressalto. Em cima das dunas, no lado poente da praia, algumas casas continuam a resistir à força das águas, que não param de roubar chão às frágeis habitações.

A água levou a areia que sustenta parte do pátio da casa de Vasco Silva e à vista ficaram as estacas. “Há dois dias havia aqui areia. Agora veio o vento de sudoeste e levou o resto. Não podemos lutar contra o ar”, explica.

Ana Maria Cruz também tem a casa em perigo. “O meu marido, eu e o meu filho ficamos toda a noite aqui, não dormimos nadinha”, conta. “Tenho muito medo mesmo, até pensei que esta noite levasse o passeiozinho que a gente aqui fez, mas não. Levantei-me às três da manhã e o mar estava mais calmo”, remata.

Pequenas escavadoras da câmara vão tentando limpar a estrada que ficou submersa de areia e por todo o lado há uma imensa nuvem de pó no ar, devido ao forte vento que se faz sentir.
Quase todos os estabelecimentos estão fechados, mas há quem vá tentando resistir: “Está sempre tudo cheio de areia. A estrada cheia de areia, a esplanada cheia de areia e não se faz mais nada que é limpar a areia, todos os dias”, comenta João Rosa, que tem um café-quiosque junto à praia. Na ilha poucos se lembram de um inverno tão rigoroso como este nos últimos 10 anos.

Também na Fuzeta, o mar continua a romper a ilha até à ria Formosa. Em apenas dois dias, mais onze casas ficaram completamente destruídas. Mas, desde o início do Inverno, já cerca de 30 as casas vieram abaixo na Fuzeta. Muitas pessoas têm ido até à ilha ver os estragos e o que sobrou depois da passagem do mar revolto. A ilha foi rasgada de uma ponta à outra pela água e abriu-se uma nova barra de passagem.

Ninguém mora na ilha todo o ano, mas algumas pessoas vão tentando tirar os pertences que têm nas casas de férias com receio que o mar acabe por chegar às habitações que ainda vão resistindo. Para o fim-de-semana esperam-se novas vagas e tempestades no mar, mas as marés vivas mais fortes do ano estão previstas para Março.

Sebastião Teixeira, geólogo da Administração Hidrográfica do Algarve, tem acompanhado de perto a evolução e os estragos causados pelas marés, tanto em Faro como na ilha da Fuzeta.

O geólogo considera que esta é a evolução esperada, mas relembra que o pior pode ainda estar para vir. ” O período de tempestades ainda não acabou e está prevista uma para o fim-de-semana”, alerta o especialista. “Em Março vem a maior maré do ano. O final do mês [de Fevereiro] vai ser um período crítico para a ilha”, remata Sebastião Teixeira.

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