quinta-feira, 3 de junho de 2010

Carta Geológica de Portugal

O território continental compreende três unidades fundamentais, distintas, quer do ponto de vista cronológico, quer da estrutura dos terrenos. Essas unidades morfoestruturais são:
- Maciço Hespérico
- Orla Mesocenozóica Ocidental ou Lusitana e Orla Meridional ou Algarvia
- Bacia Cenozóica do Tejo e do Sado



UNIDADES ESTRUTURAIS DO TERRITÓRIO PORTUGUÊS

Maciço Hespérico
Também designado ibérico, maciço antigo ou maciço hercínico da meseta ibérica, caracteriza-se por ser uma região que, desde o Paleozóico, está emersa e desde então sujeita à erosão.





É formado por terrenos antigos, anteriores à deriva continental meso-cenozóica. São conhecidas rochas metamórficas, sedimentares e magmáticas com idades compreendidas entre o Pré-Câmbrico e o final do Paleozóico. Este maciço corresponde ao troço ibérico da grande cadeia hercínica da Europa.

As ilhas Berlengas e Farilhões pertencem a este maciço e representam afloramentos deste substrato na plataforma continental. Uma porção da parte imersa do maciço hespérico está coberta pelas formações cenozóicas da bacia Tejo-Sado.

A superfície da meseta foi, posteriormente, deformada por falhas que originaram compartimentos elevados do tipo horst, como o do conjunto Lousã-Estrela.




As áreas deprimidas da meseta correspondem às bacias cenozóicas. É o caso das bacias do Tejo e do Sado em Portugal e do Ebro e do Guadalquivir na Espanha.

A cadeia hercínica na Península Ibérica permite, com base nas suas características, a definição de grandes unidades paleogeográficas e tectónicas, alongadas e paralelas à estrutura da cadeia.

Actualmente e com essa base, consideram-se as seguintes unidades:

zona cantábrica
zona asturo-leonesa
zona galaico-transmontana
zona centro-ibérica
zona Ossa-Morena
zona sul-portuguesa
Destas zonas, apenas as quatro últimas estão bem representadas no território continental.





Zona galaico-transmontana


Corresponde a esta zona uma grande parte do maciço hespérico, que ocupa a metade norte de Portugal, a totalidade da Galiza, parte de Castela e Leão e a província de Cáceres. A característica mais destacável desta zona é a abundância de granitos e outras rochas plutónicas. As datações de idade absoluta destes granitos indicam que a sua formação aconteceu há cerca de 280 M.a. Quanto ao metamorfismo, as formações pré-câmbricas mais antigas experimentaram um primeiro metamorfismo de grau elevado, ainda no Pré-Câmbrico, e um segundo durante a orogenia hercínica, de grau mais baixo.

Zona centro-ibérica (ZCI)

A norte, é cavalgada pela formação galaico-transmontana e, a sudoeste e sul, contacta com a zona de Ossa-Morena através de outro cavalgamento, o de Ferreira do Zêzere, e um prolongamento para norte e sudoeste. Sobressai uma grande unidade estratigráfica, o complexo xisto grauváquico, anterior ao Câmbrico, constituído por uma série de xistos e grauvaques - flysch- com níveis esporádicos de conglomerados e calcários.

O Ordovícico aparece transgressivo e discordante sobre aquele complexo,presentando espessas bancadas de quartzitos, expressas em relevos com a orientação NW-SE, tais como os do Buçaco, Vila Velha de Ródão, Valongo, etc. Nesta zona aparecem xistos muito fossilíferos, com trilobites e braquiópodes do Ordovícico, xistos negros e ftanitos com graptólitos do Silúrico e xistos, arenitos e quartzitos do Devónico inferior.

Há ainda a considerar a existência do Carbónico continental na chamada bacia carbonífera dúrico-beirã, onde se situavam as explorações de antracite de São Pedro da Cova e Pejão, próximo do Porto. São do Ordovícico os jazigos de ferro de Moncorvo e do Marão






Zona de Ossa-Morena (ZOM)


No limite norte, os terrenos desta zona cavalgam os da zona centro--ibérica e estendem-se para sul, sendo limitados no território português pelo cavalgamento de Ferreira do Alentejo-Ficalho, continuando-se por Espanha até Cazala da Serra e vale do Guadalquivir.

Abundam os materiais pré-câmbricos e câmbricos que apresentam materiais vulcânicos e plutónicos. A idade destas rochas é da ordem dos 460 a 500 M.a., isto é, do Ordovícico. O Pré-Câmbrico está representado ao longo de uma faixa descontínua, entre Espinho e Campo Maior, passando por Coimbra, Tomar e Abrantes, e é formado por rochas gneisse-magmáticas e outras metamórficas, mais antigas, e por uma série superior flyschóide, designada por série negra.

O Câmbrico, bem datado, assenta em discordância sobre o Pré-Câmbrico. É notável o Câmbrico de Vila Boim pela sua fauna de trilobites. São também considerados câmbricos os mármores de Estremoz, Abrantes, Ficalho e Viana do Alentejo. O Ordovícico está mal representado, apresentando grandes lacunas.


Zona sul-portuguesa (ZSP)


Corresponde à zona subocidental do maciço hespérico e predominam séries rítmicas areno-pelíticas, nomeadamente xistos e grauvaques - flysch.


Em Portugal não existem intrusões plutónicas, mas existem intercalações de lavas e materiais piroclásticos, formando séries vulcano-sedimentares espessas. O metamorfismo, quando existe, é de grau muito baixo. O Devónico tem fácies marinho, situa-se na parte norte da zona e está representado por xistos, grauvaques, quartzitos e, por vezes, calcários dolomíticos.

O Carbónico marinho é constituído, no essencial, por séries rítmicas alternantes de xistos e grauvaques -flysch.


Com as formações vulcano-sedimentares relacionam-se os jazigos de pirites, que se dispõem na forma de franjas. As mais importantes são as de Caveira-Lousal (faixa piritosa do Alentejo), que se estende para Espanha (Rio Tinto, Huelva). Estes materiais foram deformados durante o Carbónico superior, originando-se estruturas dobradas que podem constituir cavalgamentos. A pequena bacia carbonífera de Santa Susana, próximo de Alcácer do Sal, onde se extraiu hulha, é discordante sobre as formações anteriores e portanto posterior àquelas formações. Uma fase tectónica afectou finalmente todo o conjunto, incluindo a série continental.


Orlas mesocenozóicas
Quando da subsidência de extensas fossas precursoras da fragmentação da Pangeia e abertura posterior do oceano Atlântico, formaram-se os terrenos que constituem as orlas mesocenozóicas. São porções da crosta jovem acrescentada à crosta antiga e às margens continentais que então se formaram.

Orla ocidental ou lusitana
A série mesozóica, que é discordante relativamente ao soco constituído por matéria mais antiga, inicia-se por uma série continental detrítica com conglomerados, arenitos e argilas, regra geral de cor vermelha, correspondente ao Triássico superior.

A esta série sucede-se uma série lagunar com argilas vermelhas, margas, gesso e sal-gema. Estas constituem as explorações de gesso de Soure, Sesimbra e Óbidos e as de sal-gema de Rio Maior. Nesta altura ocorreu uma transgressão originando uma série calcária fossilífera com amonites e alguns braquiópodes. Esta série calcária está representada nos maciços calcários de Sicó, Alvaiázere, Aire, Candeeiros, Arrábida, etc.




No Jurássico superior, o mar é regressivo, como se pode observar pelos depósitos de fácies marinho cada vez menos profundo, com calcários recifais, margas lagunares com leitos de carvão, etc. Apresenta também fácies continentais com séries de conglomerados, arenitos e argilas. O Cretácico inferior é ainda regressivo, mantendo-se a sedimentação continental do mesmo tipo que a anterior. Seguiu-se uma transgressão em que se constituíram depósitos calcários. O Cretácico superior está reduzido à região de Aveiro-Coimbra. É nesta época que se formam os maciços eruptivos de Sintra, Sines e Monchique, a que se sucederam fenómenos de vulcanismo testemunhados pelo denominado complexo vulcânico de Lisboa-Nazaré. Neste complexo encontram-se materiais extrusivos como lavas, piroclastos, filões, diques, chaminés e soleiras vulcânicas. O Miocénio marinho é caracterizado por transgressões e regressões, encontrando-se depósitos muito fossilíferos. No Quaternário, no sector situado a norte do Tejo, existem grandes fracturas, possivelmente hercínicas, e dobras amplas relacionadas com fenómenos de diapirismo. A serra da Arrábida, embora uma cadeia pequena e incompleta, é o acidente orogénico alpino mais importante do ocidente peninsular. Em Espanha são cadeias alpinas as Béticas e os Pirenéus.


Têm-se encontrado provas de que estas deformações se têm continuado e continuam a formar nos tempos actuais.


Orla meridional ou algarvia


A formação desta orla iniciou-se ao mesmo tempo que a orla ocidental, no Triássico superior, com a deposição de uma série continental, denominada grés de Silves. Ao grés de Silves, seguem-se calcários dolomíticos, margas, argilas e evaporitos. Esta série é sobreposta por calcários do Cretácico. O Miocénico marinho está confinado à faixa litoral, sendo constituído por calcários impuros, detríticos e margosos, visíveis nas arribas entre Lagos e Albufeira. O Pliocénico tem fácies continental e é constituído por depósitos detríticos de cor vermelho-alaranjada. O Quaternário tem fácies litoral e é constituído por depósitos de praias levantadas com seixos rolados.



O vulcanismo básico é um acidente generalizado a toda a orla meridional. São comuns filões camadas, diques e chaminés. Recentemente foram encontradas brechas vulcânicas, tufos e cineritos na região do Alte, Salir, Moncarapacho e Praia da Luz. Algumas destas formações intersectam as formações cretácicas pelo que o vulcanismo desta orla deve ser mais ou menos contemporâneo do complexo vulcânico Lisboa-Nazaré.

Bacia Cenozóica do Tejo-Sado
Embora muitas vezes consideradas em separado, as bacias do Tejo e do Sado constituem uma unidade estrutural com as mesmas características litológicas e estruturais. Há duas bacias hidrológicas, mas o que nos interessa é o significado geológico destes terrenos. A individualização desta bacia teve início no Terciário com: - o afundamento da região, entre falhas; -enchimento posterior por materiais oriundos de zonas periféricas. A parte inferior da série sedimentar desta bacia é francamente continental, com formações detríticas grosseiras na base e intercalações de calcários e argilitos de neoformação. A subsidência da bacia é fenómeno marcante e pensa-se que ainda continua na actualidade, embora a sedimentação venha, desde o princípio, a preencher a área deprimida. O Miocénico continental, fossilífero (ossos de vertebrados, gastropódes límnicos, impressões vegetais, etc.), é constituído por arenitos que apresentam intercalações conglomeráticas e formações argilosas.


Foi no Miocénico que ocorreram algumas acções transgressivas do mar que, mais ou menos, penetraram na bacia. Ao Miocénico continental seguiu-se o Pliocénico, também continental, com sedimentação fluvial detrítica, arenitos, conglomerados e argilitos. O Quaternário está bem representado pelos diversos níveis de terraços fluviais ao longo dos leitos do Tejo e do Sado e alguns dos seus afluentes.


Corte Geológico da Península do Baleal - Peniche

Península alongada N-S, em cujas arribas está exposta uma série carbonatada do Dogger; esta faixa rochosa prolonga-se para N em duas pequenas ilhas (Ilha das Pombas e Ilhéu de Fora).

A península está separado do continente por um estreito de tombolo; as arribas do lado continental são formadas por depósitos terrígenos do Malm, existindo uma falha importante entra as duas séries. A série do Dogger tem cerca de 93m de espessura e inclina regularmente para ENE, pelos que os níveis mais antigos afloram na base da arriba poente.
A parte inferior da série é constituída por margas e calcários margosos, fissurados e bioturbados em bancadas decimétricas. Estes depósitos cujos clastos variam entre 0.5cm a 100cm foram corpos mais ou menos lenticulares, com base abrupta e topo irregular que correspondem a sedimentação gravítica. As camadas supra jacentes consistem numa alternância de margas e calcários margosos com níveis intercalares de calcário, sendo o conteúdo fossilífero semelhante ao anterior, mas com maior abundância de amonoides. Para a parte superior, nitidamente estrato crescente e quase só constituída por calcários maciços, de cor clara, torna-se menos abundante a fauna bentónica em vez da nectónica.
A sucessão descrita traduz, inicialmente, a deposição marinha hemipelága, em profundidade elevada, perturbada por episódios de sedimentação de talude-bacia oceânica; a evolução subsequente reflecte a sedimentação em meio marinho externo, provavelmente menos profundo do que o antecedente.

A origem das águas subterrâneas:


. As águas subterrâneas provêm essencialmente da infiltração da água da chuva.
. Uma vez no subsolo, podem formar toalhas ou lençóis de água, por vezes imóveis, que alimentam as fontes e os poços, ou então circular por entre as fissuras das rochas.
. As zonas onde a circulação de água subterrânea é mais importante que os cursos de água de superfície apresentam, em geral, uma morfologia característica denominada cársica.
. Mas há águas subterrâneas que têm uma origem diferente da infiltração.
. São as águas juvenis que provêm do interior da crusta, tal como certas águas termais, e aquelas que são retidas nas rochas.
. O estudo das águas subterrâneas reveste uma importância cada vez maior, à medida que o problema da água potável para alimentação das cidades se agrava, já que os aquíferos são explorados indiscriminadamente.

Aquíferos e Furos Artesianos




Uma toalha de água é constituída pelo conjunto da água que ocupa os interstícios (fenda) das rochas porosas num domínio definido pela sua espessura e extensão.
Entre os diversos tipos de toalhas ou lençóis de água podemos considerar as:
- freáticas, que ocupam as rochas superficiais permeáveis. O seu nível varia em função das precipitações. Não sendo perfeitamente horizontais, ocupam as irregularidades topográficas dos terrenos onde se encontram. Em clima temperado são principalmente alimentadas pelas chuvas de Inverno (Outubro a Abril) e o seu nível é mais ou menos alto em função da quantidade de precipitação;
- cativas - dizem-se cativos os lençóis de água cuja superfície está abaixo do limite superior do tecto da formação geológica que a contém. O tecto é necessariamente impermeável;
- artesianas - trata-se de um lençol de água em que a superfície superior ao nível do solo está situada a um nível inferior ao de certas zonas da parte cativa do lençol de água;
- aluviais são os lençóis de água que se encontram nos aluviões dum curso de água. Estão mais ou menos relacionados com as águas do curso de água, mas, segundo o grau de permeabilidade dos aluviões, podem ter o seu nível mais elevado que o da água livre.


Maciço Hespérico






Dada a Natureza das rochas existentes, os solos acabam por ser areno-argilosos . algumas regiões localizadas sobre as Orlas Mesozóicas, que constituem manchas muito grandes de terrenos calcários, a carsificação pode originar condições de infiltração da água muito boas.
A fracturação das rochas pode melhorar as suas características hidrogeológicas. Assim, as rochas ígneas e metamórficas são muito compactas, apresentando por isso baixa permeabilidade e baixa porosidade.
A fracturação destas rochas, em graus normais, aumenta pouco a porosidade e pode aumentar muito a permeabilidade ao longo das fracturas.
O comportamento hidrogeológico destas três unidades depende do tipo de solo de alteração e do grau de fracturação.
No tipo de solo de alteração, a diversidade de rochas existentes nestas três unidades produz, por alteração das suas camadas mais superficiais, diferentes tipos de solo.
O Maciço Hespérico é constituído por granitos e xisto. Os granitos originam por alteração, solos com elevada quantidade de elementos grosseiros, apresentando boas condições de infiltração. Os xistos originam solos argilosos, os quais não são favoráveis à infiltração.
Os terrenos das Orlas Mesozóicas e das Bacias Terciárias produzem solos variados.






Águas Termais







Poluição das Águas Subterrâneas











Contaminação das Águas
. É sempre fonte de preocupação qualquer alteração que se encontre na água.
. Em muitos casos, a contaminação por poluentes de um aquífero cuja água é utilizada na alimentação é muito lenta, pois o seu trajecto é feito através do solo e de rochas permeáveis - não se desloca livremente.
. Por vezes é significativo o espaço de tempo que decorre entre a introdução do poluente num aquífero e a sua presença na água que se bebe, mas em terrenos muito permeáveis a contaminação da água pode ocorrer muito rapidamente.
. A água é essencial à vida na Terra. No interior dos organismos, a água é o meio no qual se dão complexos processos metabólicos. Os organismos simples não podem realizar nenhuma função sem a presença de água e a privação dela causa rapidamente a morte. Contudo, a água tem que ser pura.
. Os humanos, sendo os organismos mais complexos, são afectados pelas alterações químicas que a água possa experimentar.
. Resíduos líquidos e sólidos existentes em depósitos, bem como resíduos de canos de esgoto, podem conter microrganismos, como bactérias patogénicas e vírus, que podem contaminar as águas subterrâneas. Resíduos eliminados pelas indústrias e pelas bases militares podem ser altamente tóxicos, contendo altas contaminações de metais pesados e outros produtos perigosos.
. Produtos resultantes da drenagem de minas de carvão e de metais podem contaminar a superfície e posteriormente as águas subterrâneas. As estações de abastecimento de gasolina são, geralmente, fontes poluentes da água subterrânea, assim como os líquidos que são armazenados em fossas, desde que atinjam terrenos permeáveis.
. A poluição das águas subterrâneas, muitas vezes, só aparece depois de a indústria ou outra actividade por ela responsável ter cessado a sua laboração há muitos anos.
. Por exemplo, produtos químicos armazenados ou derramados no solo podem demorar anos a atingir um aquífero.
. Este é o problema que pode ser causado por lixeiras localizadas em aterros não impermeabilizados ou por substâncias tóxicas derramadas imprevidentemente nos solos.
. Substâncias como os pesticidas ou herbicidas utilizados na agricultura podem atingir a água subterrânea através da água de irrigação que penetra no solo.
. As águas subterrâneas poluídas são muito difíceis de purificar. Devido ao seu lento movimento e grande volume, uma operação de limpeza numa região poderá levar décadas e custar milhões de euros para ficar completa.
. A poluição das águas subterrâneas pode ser evitada, desde que haja cuidado.
. A lixeira de uma cidade não deve ser construída acima do nível das águas subterrâneas. O local deve ser isolado por um leito constituído por uma espessura significativa de argila.
. A parte superior deve ser isolada da água da chuva por uma cobertura impermeável. Barreiras podem impedir que as correntes de água superficiais se dirijam para as lixeiras. A prevenção da poluição das águas subterrâneas pode ser cara mas é muito mais barata do que a despoluição posterior.
. A água subterrânea é poluída, directa ou indirectamente, pela contaminação de diversas substâncias que são prejudiciais à saúde dos organismos e que reduzem a sua utilidade.
. As águas subterrâneas, no seu estado natural, estão relativamente livres de contaminação. É por isso que são utilizadas na alimentação. A poluição das águas subterrâneas é especialmente insidiosa porque não é visível.
. Os nitratos, uma das substâncias mais utilizada nos fertilizantes, é pernicioso, mesmo em pequenas quantidades, na água que possamos beber.

Especificidades Geológicas de Sintra



ESPECIFICIDADES GEOLÓGICAS
DE SINTRA



Aspectos Geomorfológicos

Em linhas gerais a área saloia, designação pela qual é referida por diversos autores a superfície representada na folha de Sintra da carta geológica dos arredores de Lisboa, na escala 1/50.000 corresponde, essencialmente a uma antiga plataforma de abrasão, posta a descoberto por um amplo movimento de regressão marinha que vem esbater-se a sul, no Maciço Subvulcânico de Sintra e a nascente numa sucessão de relevos de maior ou menor eminência topográfica, formados por terrenos mesozóicos e cenozóico e por diversas rochas eruptivas que, na maior parte, pertencem ao Complexo Basáltico de Lisboa.
A antiga plataforma de abrasão é designada por diversos autores: planalto de S. João das Lampas.
Poderão ser, assim, considerados, como elementos naturais, na área de Sintra:
- Mafra
- o Maciço Subvulcânico de Sintra
- o planalto de S. João das Lampas - os relevos meso-cenozóicos
Nesta área, além de numerosos afloramentos de diversas rochas eruptivas (com predomínio das rochas plutónicas, exceptuadas as rochas vulcânicas da área da Malveira, com destaque para os picos do Funchal, Alcaínça e Carrasqueira) são assinaláveis formações sedimentares, de idades escalonadas do Lusitaniano ao Recente.
O Recente e o Pleistocénico estão representados por formações detriticas, resultantes de meteorização de rochas calcárias, areias, formações dunares, aluviões e cascalheiras.
As areias são referenciáveis no litoral, designadamente na foz do Falcão, Praia da Samarra e Magoito, sob a forma de uma cobertura, pouco desenvolvida, de areias de praia.
As dunas podem se observadas na fachada litoral, Magoito, Fontanelas, Azenhas do Mar, Janas, Praia das Maçãs, Mucifal e Praia da Adarga.
Os aluviões estão presentes no leito das linhas de água, com destaque para os cursos das ribeiras, de caudal maior e mais regular (Ribeiras de Cheleiros e de Colares). Depósitos aluviais menos espessos são assinaláveis nas baixas de Alfouvar, Sabugo, e Granja do Marquês.
Os aluviões recentes são, no essencial, formadas por areias e cascalheiras.

O Pleistocénio, na folha de Sintra foi assinalado, apenas, num afloramento correspondente a um depósito torrencial que pode observar-se num vale que termina na Praia da Adraga, não tendo sido assinalados outros afloramentos como os restos de cascalheiras de antigas praias de que é exemplo o nível de 20 a 30 metros de S. Julião (Ericeira), que na folha figura como Pliocénio, ou os retalhos de Santa Maria do Magoito, Praia das Maçãs e outros.
Próximos de Assafora são referenciáveis cascalheiras de praias quaternárias, misturadas com areias de transporte essencialmente eólico.
As antigas praias, designadamente a referida praia de S. Julião (Ericeira) formaram-se na dependência da descida do nível de base.
As alternadas transgressões e regressões marinhas deixaram, no território português, marcas visíveis, entre as quais avultam assoreamentos e formas deltaicas nos segmentos terminais dos cursos de água, no decurso das transgressões e depósitos de antigas praias na sequência dos episódios regressivos.
Identicamente, uma regressão marinha explica a emersão da antiga plataforma de abrasão que é do planalto de S. João das Lampas e os posteriores entalhes nele escavados pelas redes hidrográficas que o percorrem.




Maciço Subvulcânico



A rocha ígnea mais representada no Maciço é o granito, calco-alcalino, biotítico, com quartzo abundante.
Como elementos acessórios são ainda de referir a magnetite, apatite e o zircão. Apresenta variedades texturais: microgranito, aplito e micropegmatite, em geral filonianos.
Constitui um extenso afloramento, entre o limite oriental do Maciço e o Monge. Por norte estende-se do contacto até Seteais e Penedo. A sul alarga-se até Janes, estreitando-se depois até Malveira da Serra.
Justificam referência os caos de blocos da Cruz, Alta, Penha Verde, Pedra Amarela, Penedo dos Ovos, Penedos Gordos, Alto das três Cruzes e Pedra Branca.
Diferenciações melanocráticas podem ser observadas nalguns lugares, como Janes e Pedra Verde, onde a composição varia do granito biotítico ao diorito quartzífero.
Nas imediações da Prisão-Escola de Sintra podem ser observadas cavidades miarolíticas no granito.
A poente a rocha passa ao sienito, devido à perda de quartzo. A passagem via de regra é gradual. O prolongamento, para poente, processa-se em arco:
- pelo norte, por Monserrate, Vinagre e Penedo, onde acusa solução de continuidade, reaparecendo em Almoçageme e no litoral da Praia da Ursa.
- pelo sul, da Biscaia pela pedra da Azoia, junto á foz da ribeira do Louriçal.
Regista-se um afloramento de granito brechóide, nas imediações do vértice geodésico das Camarinheiras, entre as ribeiras da Mata e da Matinha.
O núcleo do Maciço é constituído por sienito, situado a poente de Monge, onde contacta com o granito por um arco, côncavo para poente, que a sul se alonga até Malveira da Serra e a norte até Almoçageme.
Entre a Pedra Amarela e a Biscaia, o contacto do afloramento sienítico, a sul, é feito com o gabro e o diorito. Na Peninha, na Azoia e no Cabo da Roca, contacta com dioritos e gabros. Acções erosivas originaram caos de blocos sieníticos, como na Peninha, Picos Velhos, Picotes, etc.
Um pequeno afloramento de diorito está assinalado na superfície correspondente à folha de Sintra, mas em Malveira da Serra (folha de Cascais) foi observado um diorito na mancha de gabros que se alonga para a folha de Sintra.
Em Malveira da Serra, a rocha é um diorito com andesina e labrador.

Lapiás do Cabo Carvoeiro - Peniche


Este lapiás encontra-se implantado em calcários dispostos num monoclinal extenso. Apresenta-se como uma paisagem cársica, característica deste tipo de rocha, muito invulgar pois apresenta um conjunto de formas típicas de relevo como os algares, as galerias, as grutas e os pináculos. Estas tipologias cársicas são controladas pela disposição dos estratos, bem como pelo seu conteúdo em carbonato de cálcio, e pelas estruturas tectónicas frágeis existentes.

Pode ainda verificar-se a existência de uma plataforma de abrasão marinha, sobre a qual se encontra toda a paisagem que tenho vindo a descrever, que resultou da subida do nível do mar, durante os tempos plistocénicos.

Contribuindo para a diversidade geológica do local, eis que chegam as rochas sedimentares; observam-se na zona estratos calco-detríticos, estruturas sin-sedimentares, estratificação oblíqua e entrecruzada, laminações e olistólitos. Ocorrem ainda no seu interior grãos de quartzo, grosseiros e irregulares, feldspatos e micas detríticas.


Por último é importante realçar o conteúdo fossilífero do local; existem exemplares de crinóides, ostreídeos, amonites e polipeiros, entre outros, geralmente fragmentados e provenientes de águas pouco profundas mas posteriormente depositados num leque submarino mais profundo. Estas camadas correspondem às últimas do corte geológico do Liásico de Peniche.

Entre todas estas estruturas merece destaque a Nau dos Corvos; é uma estrutura que se encontra no mar, mas muito próxima do Cabo Carvoeiro e apresenta ainda algumas características do lapiás continental.

Corte do Liásico de Peniche (Ponta do Trovão)

A península de Peniche é constituída por espessa série monoclinal inclinando para SE, essencialmente margo-calcária, com intercalações argilosas e areníticas, bem datada por amonites. A base de sucessão aflora nas imediações da Papôa, local onde a série é intersectada por uma brecha vulcânica. Na Ponta do Trovão observa-se a passagem do Pliensbaquiano ao Toarciano, limite que foi recentemente proposto como candidato a GSSP (estratotipo de limite) para o Toarciano. A série de Peniche tem sido abordada em muitos estudos.
A série liásica é essencialmente formada bancadas centimétricas de calcários argilo-margosos, alternantes com níveis decimétricos de margas cinzento-esverdeadas, por vezes micáceas e laminares; mas ocorrem, também xistos argilosos betuminosos, negros, níveis “grumosos” com especial interesse tafonómico, no Toarciano, frequentes intercalações siliciclásticas lenticulares (arenitos calcários/calcários areníticos, microconglomerados arcósicos, margas silto-areníticas). O conteúdo fossílifero é abundante, embora diminuindo progressivamente para o topo; é constituído, sobretudo, por braquiópodes, belemnóides, amonóides, lamelibrânquios e gastrópodes, frequentemente piritizados, bem como por diversos icnofósseis. De modo geral, para a parte superior aumentam a frequência e espessura dos níveis calcários face aos níveis margosos, desaparecendo os últimos para o topo. Os calcários da parte superior (Remédios – Cabo Carvoeiro) são, também, bastante diferentes e abrangem já, provavelmente, a base do Dogger: trata-se de calcários bioclásticos, oolíticos e areníticos, equinóides, lamelibrânquios, coraliários e icnofósseis.



Existem excelentes exemplos de estratificação entrecruzada planar e de estruturas de canal. A maior parte da série reflecte deposição hemipelágica, em meio marinho externo bastante profundo, com oxigenação variável, muitas vezes reduzida e, mesmo, episódios anóxicos, passando gradualmente para o topo o ambiente marinho externo de menor profundidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Afloramento de Fanhões


Na área próxima de Fanhões, nomeadamente no leito da ribeira do mesmo nome, algumas dezenas de metros a montante da confluência com a ribeira de Casaínhos, é possível observar a seguinte série:


1-Calcários compactos com rudistas e foraminíferos (Cenomaniano superior), fortemente paleocarsificados. (Fm. de Bica)


2-Conglomerado carbonatado, com elementos provenientes do nível anterior e, também, com clastos de calcário cinzento com crostas microbianas e evidências de exposição subaérea e pedogénese. (Conglomerado de Fanhões)


3-Conjugando a observação deste local com afloramentos próximos, a Este e Oeste, conclui-se que o conglomerado é sobreposto por níveis de piroclastos e escoadas basálticas do Complexo Vulcânico de Lisboa.



Este local é, na Bacia Lusitânica, o único conhecido, onde ocorre este conglomerado entre os calcários com rudistas e o Complexo Vulcânico de Lisboa.


Ao longo da ribeira de Casaínhos, para W, observam-se diversos aspectos, com interesse didático, nos depósitos vulcânicos e diques de areia cortando piroclastos.