quinta-feira, 25 de março de 2010

O fóssil impossível: Polvo do Cretácico, com tinta e ventosas



Novos descobrimentos de fósseis com 95 milhões de anos, demonstram que a origem dos modernos polvos é muito anterior ao que se pensava. Estes fósseis são muito pouco frequentes, uma vez que as possibilidades de que o corpo do polvo, uma vez morto, dure o suficiente como para que fossilize são muito remotas, devido às características naturais do corpo.






Os polvos , animal bem conhecido, não possuem esqueleto interno bem desenvolvido, o que lhes permite deslizar-se por espaços que um vertebrado não poderia. Mas é isto mesmo o que praticamente impede a fossilização do seu corpo, e o que faz muito mais difíceis as investigações evolutivas sobre os mesmos.






O seu corpo está composto praticamente na sua totalidade pela pele e os músculos, pelo que quando morre se degrada rapidamente, convertendo-se numa massa gelatinosa da que em poucos dias não ficará absolutamente nada, mesmo sem contar com os animais que comem os corpos mortos. De facto, nenhuma de entre as 200 e 300 espécies de polvos que se conhecem foi encontrada fossilizada. Até agora.




Um grupo de paleontólogos identificou recentemente três novas espécies de polvo fósseis, descobertas em rochas do Cretácio no Líbano. As cinco amostras, que se descrevem no último número da revista Palaeontology, têm 95 milhões de anos, mas, surpreendentemente, preservam os seus oito tentáculos, com pegadas dos músculos e as características filas de ventosas. Inclusive algumas amostras apresentam os rastos da tinta e das brânquias internas. Estes são fósseis sensacionais, extraordinariamente bem conservados, afirma Dirk Fuchs da Universidade Freie de Berlim, autor principal do relatório. Mas o que mais surpreendeu aos científicos é as semelhanças que há entre estes fósseis e os exemplares modernos: Estas coisas têm 95 milhões de anos, e no entanto um dos fósseis é quase indistinguível de espécies vivas.

Isto proporciona importante informação evolutiva. Os parentes mais primitivos dos polvos tinham barbatanas carnudas ao longo dos seus corpos. Os novos fósseis estão tão bem conservados que se verifica que, tal como os actuais polvos, não tinham essas estruturas. Isto empurra as origens do polvo moderno umas dezenas de milhões de anos para trás, e mesmo isto sendo cientificamente importante, tal vez o mais notável em relação a estes fósseis é que, simplesmente, existem.





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